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Prefeito de Cabrália realiza carnaval com cachês altos apesar de decreto de emergência administrativa

Prefeito Girlei (de abadá vermelho) celebra no Cabrália Folia, desafiando o decreto de emergência (foto: divulgação)

Mesmo estando em situação de emergência administrativa, decretada nos primeiros dias de gestão do prefeito Girlei Lima (PDT), o município de Santa Cruz Cabrália realizou, no último fim de semana, três dias de festejos de Carnaval. Conforme um advogado entrevistado pelo Radar News, tanto o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) da Bahia quanto o Judiciário entendem que uma situação administrativa grave impede a realização de festas durante a vigência e logo depois do encerramento do decreto, “considerando que todos os recursos municipais devem ser voltados para atender a situação declarada emergencial”.

A contratação – sem licitação – de diversos artistas que se apresentaram no Cabrália Folia 2025 incluiu cachês nada modestos, como os da Banda Olodum (R$ 250 mil), da cantora Tays Reis (R$ 130 mil) e da Banda Motumbá (R$ 90 mil), conforme contratos publicados no Diário Oficial. Com relação ao Olodum, no dia 2 de fevereiro do ano passado a banda se apresentou na festa de Iemanjá em Porto Seguro pelo valor de R$ 140 mil, bem abaixo do cachê cobrado este ano em Cabrália.

ATRASO NO ANO LETIVO – Enquanto isso, o ano letivo em Cabrália ainda não começou e sequer há previsão de quando as aulas terão início. A prefeitura alega que o atraso ocorre devido às obras de reforma nas escolas.

DECRETO – Com validade de 90 dias, o decreto nº 030/2025, que estabelece situação de emergência administrativa, foi publicado no Diário Oficial do município no dia 7 de janeiro. Conforme a prefeitura, a medida foi tomada “em virtude da grave situação administrativa que compromete parcialmente a capacidade de resposta do poder público e inviabiliza a prestação de serviços essenciais e ordinários à população”.
O decreto autoriza, entre outras situações, que a prefeitura faça contratação direta, ou seja, sem licitação, para aquisição de bens, serviços e execução de obras emergenciais.

As contratações emergenciais terão validade de 180 dias (seis meses), prorrogável por igual período.

PRIORIDADE A INVESTIMENTOS ESSENCIAIS – Segundo o advogado ouvido pelo Radar News, quando uma prefeitura declara emergência administrativa, significa que seu planejamento financeiro está afetado. Portanto, a gestão deve priorizar investimentos em serviços essenciais e em gastos moderados, ainda mais quando há dispensa da tramitação regular dos processos licitatórios.

O advogado salientou que esse tipo de decreto em início de gestão, como feito por Girlei Lima, é típico de prefeitos inexperientes na gestão pública e mau assessorados juridicamente.

JUSTIÇA SUSPENDE CARNAVAL EM MUNICÍPIO BAIANO – O Judiciário e órgãos de controle externo têm atuado para coibir a realização de festas durante a vigência de decretos de emergência. Um exemplo recente ocorreu em Correntina, cidade do Oeste da Bahia com cerca de 31 mil habitantes e que está em situação de calamidade administrativa.

A pedido do Ministério Público do Estado da Bahia, a Justiça determinou, no dia 14 deste mês, que o município de Correntina não utilize verba do orçamento público municipal para promover os festejos de Carnaval enquanto perdurar o decreto de calamidade administrativa.

Em outro caso, ocorrido em 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatou recurso do Ministério Público da Bahia e suspendeu a Festa da Banana no município de Teolândia. Segundo o ministro Humberto Martins, o gasto de altos valores para um município de apenas 20 mil habitantes e em situação de emergência declarada justificava a suspensão da realização do evento.



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