Trinta e cinco araras-vermelhas-grandes (Ara chloropterus) foram reintroduzidas pelo Ibama na Estação Ecológica do Pau-Brasil, em Porto Seguro (BA), no começo do mês. A ação faz parte de um projeto desenvolvido pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama que funciona no município. A espécie estava extinta na região.
O trabalho realizado pelo Cetas envolveu aves apreendidas em ações de combate ao tráfico de animais silvestres. Elas passaram por um processo de reabilitação e a devolução à natureza foi realizada pelo método “soltura branda”. O processo consiste na instalação de um viveiro de adaptação ao ambiente e de comedouros na área de soltura. Quando os profissionais envolvidos consideram que os animais estão aptos para o retorno à natureza, a porta é aberta para que o animal possa, gradualmente, explorar o ambiente e se adaptar à liberdade.
A analista ambiental do Ibama e coordenadora do projeto, Ligia Ilg, destaca que o objetivo da reintrodução da arara-vermelha-grande é a formação de uma população selvagem que viva sem intervenção humana. Agora, as aves estão sendo monitoradas, o que inclui sua busca ativa, o registro dos avistamentos na região, a verificação se estão consumindo alimentos disponíveis na natureza e se estão ocupando as caixas-ninho que foram instaladas.
Asa fraturada
No dia 6, uma das araras-vermelhas foi encontrada com uma asa fraturada. Indígenas avistaram o animal em Aldeia Velha, no distrito de Arraial D’Ajuda, e contactaram a equipe da Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental de Porto Seguro (Cippa) de Porto Seguro. O animal foi encaminhado ao Cetas para receber os cuidados necessários, mas não sobreviveu.
Extinta da Mata Atlântica
Pero Vaz de Caminha, em sua famosa carta relatando a chegada dos portugueses ao Brasil, descreveu a espécie como “papagaios vermelhos, muito grandes e formosos”. Na época, o animal era amplamente distribuído por quase todo o Brasil. Outros viajantes, como o príncipe da Renânia, Maximiliano de Wied-Neuwied, descreveu, em seu diário de expedição, a presença da ave desde o rio Mucuri até a cidade de Salvador.
Porém, o desmatamento e a captura ilegal foram capazes de extinguir a espécie do litoral brasileiro, restando a concentração de suas populações nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. Hoje, a lista oficial das espécies ameaçadas de extinção no estado da Bahia classifica a arara-vermelha como “ameaçada”, enquanto o plano municipal de conservação e recuperação da Mata Atlântica de Porto Seguro a coloca como “extinta” na região do extremo-sul da Bahia.